Estamos vivendo um período de medo e incertezas, e diante deste cenário percebe-se um crescimento em longa escala de sintomas de depressão e ansiedade. Remoer o passado e sofrer por um futuro incerto são dispositivos fortes para desencadear essas doenças psíquicas. Desta forma venho enfatizar que a música pode ser um ótimo meio terapêutico para auxiliar em mudanças comportamentais positivas nesse período. Por ser um recurso de fácil acesso, permeando constantemente o dia a dia das pessoas, é uma forma para aliviar tensões e consequente melhorar o seu bem-estar.
A neurociência explica que a música potencializa as funções neurais do Sistema Nervoso Central, e aumenta a potência das sinapses, formando novas conexões. Nesta conjuntura, neurotransmissores como Ácido Gama-aminobutírico-Gaba (acalma/relaxa) e a Dopamina (estimula a motivação/o prazer, passam a ser mais produzidos através de diversos estilos musicais. Assim, a música de fato é um dos caminhos mais rápidos e eficazes para se promover o equilíbrio entre o estado fisiológico e emocional
Estudos apontam que a música também pode retardar Alzheimer, pois melodias que estavam associadas a lembranças mais importantes provocaram as respostas mais emotivas. A região ativada durante o experimento de Peter Janata (Universidade da Califórnia), o córtex pré-frontal (logo atrás da testa), é uma das últimas áreas do cérebro a se atrofiar à medida em que a doença progride. “O que parece acontecer é que uma música conhecida serve de trilha sonora para um filme mental que começa a tocar em nossa cabeça”, de acordo com o pesquisador. Além disso, a música apresenta grande importância no tratamento e prevenção de distúrbios motores como a doença de Parkinson.
Ainda é de fundamental importância relatar os grandes efeitos positivos que a música tem para as crianças… pois estas, de maneira geral, expressam as emoções mais facilmente pela música do que pelas palavras. Neste sentido, através da música ocorre grande ampliação do desenvolvimento cognitivo (em especial pela consolidação de memórias) e emocional das crianças, incluindo aquelas com transtornos ou disfunções do neurodesenvolvimento como o Déficit de atenção e a Dislexia.
“Talvez nunca saibamos por que a música existe. Ainda assim podemos usá-la para nos animar ou acalmar, amenizar dores e ansiedade ou formar vínculos. Como escreveu Sacks, talvez a música seja o que temos mais próximo da telepatia” (Schrock, 2012).
Assim, pode-se dizer que música não é somente entretenimento, é construção humana, é aprendizagem, é terapia, é emoção, é realização… tendo grande relevância do desenvolvimento global humano.
Aproveitem esse período de isolamento para cantar, dançar, tocar instrumentos musicais, criar letras, melodias, meditar…façam da música sua companheira diária, pois certamente estarão preservando sua saúde mental…e daqueles que convivem com você!
Marciani Cristini Wacklawovsky
Pedagoga, Orientadora Educacional, Neuropsicopedagoga
Diretora Emef Ireno Bohn- Mato Leitão