Um exercício de fala e escuta, que estimula o desenvolvimento do sentimento de empatia pelo outro. Essa é a base que fundamenta a realização dos Círculos de Construção de Paz. A atividade é uma das metodologias utilizadas pela Justiça Restaurativa e é uma importante forma de estimular a manutenção de uma sociedade saudável.
Esse tipo de estratégia pode ser usado em duas situações: quando já existe um conflito e se busca restaurar as relações que foram rompidas ou minimizar os danos (conflitivos) ou como prevenção (não conflitivos). Em Mato Leitão, há seis profissionais que atuam como facilitadores. Essas pessoas são responsáveis por mediar o momento de fala e de escuta entre os participantes do grupo. No município, a técnica começou a ser utilizada em 2017, por meio de ações no Colégio Estadual Poncho Verde. Em 2018, profissionais que atuam na rede municipal de ensino foram convidados pela Secretaria de Educação de Venâncio Aires para participar de uma formação em parceria com a Ajuris Escola Superior da Magistratura.
Desde então, as facilitadoras vêm realizando na Cidade das Orquídeas os Círculos de Construção de Paz não conflitivos. Na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Santo Antônio de Pádua a estratégia já foi usada com turmas de alunos e em grupos de professores e funcionários. Na Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Vó Olga a ação foi feita com grupos de famílias.
Além disso, a atividade foi desenvolvida com grupos do Centro de Referência de Assistência Social (Cras). Por causa da pandemia do novo coronavírus não foi possível expandir a iniciativa, mas o objetivo é, quando a situação normalizar, intensificar a realização da atividade no município. No dia 19 de novembro, durante a comemoração da Semana da Justiça Restaurativa no Brasil, as facilitadoras promoveram um Círculo de Construção de Paz que contou também com a participação da diretora da Emef Santo Antônio de Pádua, Cátia Roberta Vogt da Rosa.
Benefícios
Durante a realização dos Círculos de Construção de Paz todos os participantes são convidados a refletir sobre uma temática específica, que é explorada na hora de direcionar as perguntas feitas pelos facilitadores e a contação de histórias dos participantes. Antes da atividade começar, também são feitos alguns acordos entre o grupo.
Itens que representem o assunto que será trabalhado durante a atividade são dispostos no meio do círculo e há um objeto da palavra que é passado entre os participantes. Esse recurso é muito importante para organizar os momentos de fala e os de escuta. Os relatos podem ser feitos apenas quando a pessoa está com o objeto. Fora isso, ela precisa se dedicar a escutar a história do outro.
“A proposta do círculo é ouvir, para que cada um consiga contar as suas histórias, e falar. A principal intenção é dar oportunidade de fala e de escuta para exercer a empatia. Uma chance para que as pessoas se conheçam um pouco mais”, explica a supervisora da Emef Santo Antônio de Pádua e facilitadora, Sandra Elise Kroth Stertz. A partir do uso dessa estratégia, os profissionais já percebem benefícios no ambiente escolar.
“No momento que tu começa a escutar eles [alunos], eles se sentem vistos e isso permite que mudem o posicionamento frente certas situações. Percebemos que com algumas turmas foi muito positivo em relação à conduta”, avalia Sandra. A professora acredita que essa mudança entre os alunos é alcançada porque nos Círculos de Construção de Paz eles se sentem em um lugar em que todos são iguais e começam a ter confiança para contar as próprias histórias.
PROFESSORES
Sandra Elise Kroth Stertz, Liziane Decker, Sabrina Hillesheim, Simoni Henz Kappaun, Marciani Wacklawovsky e Simone Silberschlag.
Fonte: Folha de Mato Leitão