Setembro é nacionalmente conhecido como o mês de prevenção do suicídio e promoção da vida. Em Mato Leitão, as atividades referentes à campanha foram reduzidas neste ano, por causa da pandemia da Covid-19, mas as psicólogas Solange Adams Simon e Valdireni Kronbauer Leonhardt aproveitam esse período para explicar o funcionamento das ações voltadas ao cuidado com a saúde mental no município.

Para marcar a campanha, os murais expostos nas duas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) foram decorados com materiais informativos. Além disso, estão sendo feitas entregas de fôlderes e cartões com contatos de locais onde as pessoas podem procurar ajuda e uma atualização com as agentes comunitárias de saúde. Representantes do município também estão participando da programação do Setembro Amarelo promovidas em Venâncio Aires.

ATENDIMENTOS

De acordo com as profissionais, os atendimentos psicológicos aumentaram por causa da pandemia. “Cresceram os sentimentos de ansiedade e medo. As pessoas ficaram mais deprimidas, principalmente os idosos, que participavam de diversas atividades”, comenta Valdireni.

Além do novo coronavírus, as profissionais observaram que os incêndios que atingiram as duas maiores empresas da Cidade das Orquídeas (Calçados Beira Rio, em 2020, e Biscobom Alimentos, neste ano) também contribuíram para o crescimento da demanda, principalmente porque muitas famílias tiveram a renda afetada em função dos sinistros.

Durante esse período, as duas psicólogas, que trabalham na UBS Central e em Vila Santo Antônio continuaram atendendo. “Suspendemos as consultas bem no início da pandemia, durante uns 15 dias. Depois disso, retornamos. Alguns pacientes começaram a ser atendidos de forma on-line”, explica Solange.

As duas profissionais realizam cerca de 70 atendimentos semanais nos dois postos de saúde e em um dia da semana o horário é estendido. Por causa da pandemia, também ocorreu a contratação, pela Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Desporto, de uma psicóloga escolar para atender a demanda relacionada à educação.

As ações voltadas ao cuidado com a saúde mental ainda envolvem o trabalho das enfermeiras e técnicas em Enfermagem que fazem a acolhida dos pacientes e das agentes comunitárias de saúde, que, em muitos casos, recebem solicitações para o atendimento com as psicólogas.

Solange e Valdireni avaliam que o preconceito em relação à procura por ajuda já diminuiu muito em Mato Leitão, mas elas reforçam a necessidade de familiares, amigos e pessoas próximas ficarem atentos à mudança de comportamento e se disponibilizarem a ajudar na busca por auxílio quando percebem que a pessoa está em sofrimento. Os telefones para conta com as unidades de saúde são 3784-1031 (Centro) e (51) 99587-9865 (Santo Antônio).

As psicólogas também destacam que os principais fatores de risco para o suicídio são transtornos mentais, o que inclui o uso de álcool e outras drogas, e tentativa prévia.

OUTRAS AÇÕES

Desde 2009, a Secretaria Municipal de Saúde realiza um grupo com foco na saúde mental e a partir de 2012 tem oficinas terapêuticas quinzenais nos dois postos de saúde. Em função da pandemia, os encontros presenciais foram suspensos, mas as atividades continuaram com encontros on-line.

A partir de chamadas de vídeos promovidas quinzenalmente, as participantes, vinculadas à UBS Central, iniciaram um projeto chamado ‘Aquecendo corações’, confeccionando peças em tricô e crochê para doação. “Foi uma forma de elas se manterem bem durante a pandemia”, ressalta Solange.

Outra ação que precisou ser interrompida por causa da pandemia foram os grupos de acolhida, que aconteciam semanalmente nas duas unidades de saúde do município. As psicólogas ressaltam que essa atividade era uma importante porta de entrada para atendimentos individuais, porém a acolhida continuou acontecendo de forma individual. A ideia é retomar os grupos assim que possível.

Já os encontros de matriciamento mensais em grupo com as Agentes Comunitárias de Saúde foram cancelados e as psicólogas passaram a realizar o apoio de forma individual, assim como as visitas domiciliares com as psicólogas, que passaram a ser realizadas em casos de maior necessidade respeitando todos os protocolos de segurança estabelecidas parra a Covid-19.

 

Fonte: Folha de Mato Leitão